Nossa opinião

Resenha sobre a  visita ao Museu da Lâmpada

O museu da lâmpada se localiza em uma área de fácil acesso por transporte público ( partindo do Campus Santo André da UFABC - gasta-se R$ 12,00 ida e volta e cerca de 1 hora e meia para chegar ao local). Diferentemente do que se pensava, o museu é conhecido na região o que facilita o acesso caso se esteja perdido ou indo pela primeira vez.

A procura pelo museu é grande e pode-se constatar isso através da marcação de horário para a visita realizada em um sábado. Neste dia o museu fica aberto das 9:00 até às 17:00 com visitas agendadas a cada 1 hora, com cerca de uma semana de antecedência ao referido dia, somente havia horário disponível as 13:00 ou 14:00 horas. Durante a semana as visitas acontecem regularmente, conforme nos informou a coordenadora do museu. Por mês estima-se que visitem o museu cerca de 160 pessoas, um número considerável vendo a pouca divulgação e popularidade do espaço.

Organização, limpeza e sinalização são pontos fortes do museu. A infra-estrutura é altamente conservada e não foi encontrado nenhuma área, durante a visita, que estivesse fora de funcionamento. Infelizmente o museu não possui infra-estrutura para estrangeiros, todos os materiais de leitura são disponibilizados apenas em português. A visita de deficientes visuais também é prejudicada devido a ausência de materiais em braile ou tátil para a interação com este público. Deficientes auditivos possuem uma compreensão limitada do espaço devido a ausência de um tradutor-interprete em LIBRAS. Sendo a acessibilidade à deficientes auditivos, visuais e estrangeiros limitada, o que indica-se nesta resenha como um ponto a ser melhorado. Foi sentida a falta de mecanismos avaliadores da satisfação e sugestões dos visitantes, de forma a contribuir com uma melhoria contínua do museu e capacitação dos funcionários.
Os funcionários são altamente prestativos, atenciosos e, apesar de serem formados em áreas como marketing e propaganda, são profundos conhecedores do tema ao qual o museu aborda. Entretanto, sentiu-se falta no espaço de esquemas de funcionamento  (desenhos e maquetes) dos diversos tipos de lâmpadas e de um aprofundamento na parte científica dos mecanismos de funcionamento, por exemplo, a excitação eletrônica dos átomos de mercúrio numa lâmpada fluorescente e o fenômeno da incandescência. Desta forma, acredita-se que além da parte histórica o museu poderia contribuir de forma mais aprofundada para a alfabetização científica dos vistantes.
Apesar do seu caráter altamente contemplativo e predominantemente lúdico, o Museu da Lâmpada, possui áreas de interação hands-onminds-on e hearts-on. A área hands-on é a manipulação do acendimento de diversas lâmpadas, manipulação de uma lâmpada de plasma e a possibilidade do toque na fibra ótica. Já a interação hearts-on se dá através da preferência dos vistantes por manipular uma ou outra lâmpada segundo seu gosto pessoal (na visita realizada, por exemplo, uma menina ficou bastante tempo acendendo a lâmpada da flor e a lâmpada de luz negra pois achou lindo). Quanto a minds-on os vistantes são constantemente estimulados a responderem perguntas pelo guia (por exemplo, quem inventou a lâmpada? Por que é melhor usar o LED?)e  refletirem sobre a importância da lâmpada em suas vidas, fato este que passa desapercebido na maioria das vezes.

Como licenciandos, ao analisar as possíveis contribuições desta visita para um aluno identificamos que o museu contribui de forma conceitual através da ilustração do desenvolvimento tecnológico (desde a descoberta da lâmpada até o LED), explica sobre conceitos de física (de forma simplificada) como o IRC, raios UV, fluorescência, potência entre outros e explica sobre problemas ambientais (descarte de lixo e contaminação de solos, rios e lagos). Ao analisarmos os conteúdos atitudinais o museu incentiva o correto descarte de resíduos, a economia de energia elétrica, seleção de materiais mais econômicos para uso dentro de casa e ressalta a dependência de tecnologia em nossas vidas, o que pode intuir o aluno a conscientizar-se e conscientizar seus familiares.

À luz da educação o museu é um espaço se torna um espaço não-formal de ensino. Tanto por causa da intenção de quem visita: aprender mais sobre as lâmpadas quanto por possuir fins educativos fora do ambiente formal. O setor educativo do museu é misturado com o setor de visitas normais. Quando existe uma especificidade requerida na visita (como enfoque na sustentabilidade) a visita é planejada de maneira especializada para este tema. O museu ainda permite que a escola utilize o seu auditório para a realização de discussões e atividades sobre o tema. Além das visitas, em parceria com os patrocinadores do museu este fornece cursos de formação (com certificado) sobre assuntos relacionados à elétrica e iluminação para públicos específicos e geral.

A interdisciplinaridade neste museu acontece através da interação entre química-física-biologia-sociologia-história. A identificação deste aspecto se dá por meio da análise crítica da fala dos monitores que relacionam constantemente, por exemplo, as propriedades físicas (potência) com as substâncias químicas responsáveis pelos seus efeitos. Estas conexões interdisciplinares podem ser exploradas em sala de aula por meio de pesquisas sobre o assunto ou de experimentos com os alunos com o intuito de proporcionar uma aprendizagem mais significativa ou então, demonstrar que as ciências apesar de estudadas separadas, estão interligadas.

Um ponto forte do museu são as divulgações tanto seu site quanto os materiais fornecidos pós visitação (disponíveis no menu Sala dos professores). No site existem materiais que consideramos de divulgação científica sobre os tipos de lâmpadas e sua evolução histórica. Estes textos e vídeos são bem escritos e de fácil entendimento. Os materiais impressos disponíveis no museu abordam crianças (gibis) e adultos (folders) de maneira delicada e divertida.

Mesmo com pontos a serem melhorados, o Museu da Lâmpada é um ótimo lugar para expandir seus conhecimentos acerca de um objeto que a humanidade é extremamente dependente mas que quase nunca reflete-se sobre. Como futuros professores, vemos um lugar potencialmente produtivo para a área de ensino em ciências, biologia, física e química. A visitação ampliou o conhecimento de todos os integrantes do grupo por meio de uma visita prazerosa e divertida.

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