A luz, a lâmpada e o homem
A evolução da espécie humana, entre diversas outras seleções, proporcionou-nos uma visão bem adaptada à luz diurna, à claridade dos dias. Devido a esse fato nossos ancestrais se tornaram uma espécie de hábitos diurnos. Porém, isso carregava uma desvantagem: na ausência de luz o sistema de visão perdia eficiência. Assim, por estarem vulneráveis ao anoitecer, procuravam abrigo e proteção dos predadores de hábitos noturnos – aqueles com a visão adaptada à baixa luminosidade.
Fica fácil crer nesse fato se refletirmos um pouco no quão inconfortáveis ficamos quando podemos enxergar pouco ou nada do ambiente, seja numa sala escura, numa rua mal iluminada ou mais ainda, como pode-se imaginar, numa mata ou serra fechada à noite. Ora, mas hoje em dia nós dispomos de uma variedade de lâmpadas e sistemas de iluminação de diferentes tipos e aplicações – desde o led no chaveiro de uma criança até as lâmpadas a vapor usadas na iluminação pública. A noite não é mais, ou pelo menos nem tanto assim, amedrontadora. nós dispomos de iluminação, podemos voluntariamente iluminar o ambiente!
Isso parece trivial ou realmente pouco tenha de extraordinário. Mas voltemos alguns milhares de anos no tempo, com os nossos antepassados a quem já nos referimos. Conseguem maginar a revolução de hábitos pela qual passariam esses “homens e mulheres” se eles conseguissem, de alguma maneira, ter meios de, durante a noite, não terem sua percepção visual prejudicada? Isto é, se eles conseguissem fazer a noite escura ficar mais clara. A essa altura já devem imaginar a que me refiro. Exatamente, o FOGO!
O domínio do fogo significava o domínio da luz! Além, claro, de poder começar a cozinhar alimentos, etc. A descoberta do fogo como fonte de luz expandiu incomensuravelmente o alcance, os limites dessas sociedades primitivas. A noite não mais lhe proporcionava desvantagem, ela podia ficar parcialmente clara e ninguém mais estaria em desvantagem em relação a outras epécies. Viramos predadores em todo tempo e local. A essa época então o homem pré-histórico já criava utensílios parecidos com lamparinas feitas de chifres, conchas, usando gordura animal ou vegetal como combustível para iluminar sua caverna durante a noite. A luz estava domesticada.
A vida do ser humano passou a girar em torno do fogo. Ele era causa e efeito de avanços tecnológicos. A partir do momento que nossa espécie passou a compreender melhor as propriedades do fogo e de outros objetos da natureza, o homem das cavernas começou a manufaturar o meio natural. Manipulavam então o barro para modelar novas “lamparinas”. Essas lucernas de barro substituiram as de pedra. Depois, o homem começava a manipular o ferro e novas sofisticações surgiam. Não podemos esquecer, claro, do uso das tochas.
A medida que a espécie se desenvolvia, a sociedade tomava novos traços de organização, novas tecnologias eram desenvolvidas. Com a manipulação da luz não poderia ser diferente. Surgiu a vela. Daí, com o conhecimento puramente empírico de que quanto mais alta a chama, mais iluminação haverá, surgiu o castiçal. Derivado deste, o candelabro.
Porém, somente no século XVIII houve uma invenção realmente revolucionária na questão da iluminação - A Lâmpada de Argand, como ficou conhecida. Ela era uma lâmpada a combustível e consistia basicamente num pavio dentro de uma chaminé de vidro que tinha a combustão auxiliada por uma corrente de ar ascendente, que fazia com a chama fosse estável e de forte intensidade.
Nessa época a humanidade já dava passos largos no desenvolvimento científico. A busca por novas fontes de energia quase sempre estiveram a frente ou mesmo determinaram o rumo dos estudos científicos. Os estudos em eletricidade, por exemplo, levaram, depois de muita experimentação, sofisticação de técnicas e aprimoramento de design, à invenção da lâmpada incandescente. Em 1879, Thomas Edison compra a patente desse modelo de lâmpada e no mesmo ano desenvolve seu próprio projeto – surgia a primeira lâmpada elétrica viavelmente comercializável.
Lâmpadas incandescentes
O princípio básico de funcionamento da lâmpada incandescente é a corrente elétrica que passa por um filamento condutor numa atmosfera rarefeita. Explica-se: Com a passagem de corrente no filamento, na maioria da vezes feito de tungstênio, este esquenta e se torna incandescente, isto é, começa a emitir luz. Mas se esse filamento ficar ao “ar livre”, ele entra em combustão e derrete. Para que isso não aconteça, ele é colocado dentro de um bulbo de vidro, o ar desse é retirado e é inserido uma mistura de gases inerte, justamente para que o fio não entre em combustão. Esse modelo de lâmpada foi proibido de ser comercializado na Europa em 2006 – tomada de decisão em prol da economia de energia. Até 2016 ela deverá também ser proibida no Brasil.
Lâmpadas fluorescentes
A lâmpada fluorescente foi criada pelo engenheiro elétrico e inventor Nikola Tesla. Esse tipo de lâmpada foi introduzida no mercado consumidor em 1938. A grande diferença dessa para a lâmpada incandescente é a sua maior eficiência em emitir mais energia eletromagnética como luz, do que dissipá-la pelo calor. Consequentemente, a lâmpada fluorescente é muito mais econômica do que a incandescente. Essas lâmpadas tem em seu interior uma mistura de argônio e vapor de mercúrio e as paredes de vidro são revestidos por um material a base de fósforo. Quando acionamos o interruptor para ascender a lâmpada, o que estamos fazendo na verdade é permitir a passagem de corrente elétrica pelos condutores da lâmpada; os elétrons que passam ali excitam as moléculas da mistura de gases do interior da lâmpada e esses íons emitem radiação UV; essa radiação quando “passa” pelo material de revestimento é convertida em luz branca, visível aos nossos olhos.
Lâmpadas halogenas
As lâmpadas halógenas surgiram em 1958. Elas funcionam basicamente igual às incandescentes. A diferença é a presença de gases halógenos dentro do bulbo – daí o nome da lâmpada. Esses gases têm a função de “reciclar” o tungstênio. Quando o tungstênio esquenta, parte de suas partículas se desprendem e combinam com o gás. Quando resfriado o sistema, as partículas de tungstênio são depositadas no filamento. Isso aumenta a vida útil da lâmpada e aumenta sua potência por unidade de energia (por poder esquentar mais). São geralmente utilizadas em hotelaria, museu e comércio em geral.
Lâmpadas a vapor
Devemos falar também das lâmpadas a vapor. Elas são amplamente utilizadas para iluminação públicada, dada sua potência e custo-benefício econômico e energético. Como o nome sugere, elas consistem de lâmpadas que têm vapores de sódio, mercúrio ou de iodetos metálicos em seu interior que podem estar sob alta ou baixa pressão. Funcinam basicamente em função da descarga elétrica nessa “atmosfera” peculiar de dentro da lâmpada, transformado energia elétrica em energia luminosa.
Lâmpadas LED
Por fim, mas com certeza não menos importante, falemos do LED. LED é uma sigla que em português significa Diodo Emissor de Luz. Ou seja, ele é basicamente um diodo semicondutor que quando energizado emite luz visível aos nossos olhos. Os LEDs foram desenvolvidos na década de 1960; desde então passam por diversos aprimoramentos e ganham novas aplicações e cada vez mais espaço no mercado. Apesar de ainda ter um alto custo, os LEDs são tidos como o futuro da iluminação. Eles são muito mais enconômicos e duráveis do que as outras lâmpadas. Além disso, possuem vantagens como: não agride os objetos que ilumina, não agride meio ambiente, não atrai insetos e é muito seguro por não ter gases em seu interior e funcionar com baixa voltagem.
Esse foi o breve retrospecto e explicação introdutória dos tipos de lâmpada e suas respectivas características e aplicações. Lembrando que esse texto é apenas uma base para a riquíssima história da lâmpada.
Os incentivamos a visitar o Museu da Lâmpada, onde além do aspecto teórico, o aspecto visual toma parte e encanta todos os visitantes!
Os incentivamos a visitar o Museu da Lâmpada, onde além do aspecto teórico, o aspecto visual toma parte e encanta todos os visitantes!
Fontes:
http://museudalampada.com
SALVETTI, A. R. A história da luz. 2ª edição. São Paulo: Editora Livraria